Vista bonita, panorâmica, 360°, de perder o fôlego. Se tem uma coisa que não falta em San Francisco é isso. Ângulos diferenciados e vistas de todos os jeitos, para todos os gostos. Afinal, a cidade californiana é cheia de ladeiras, o que proporciona um visual incrível da baía por vários pontos de vista. Lugares que podem ser visitados de graça, a pé, com Uber ou Lyft (bem comum por lá) ou transporte público.
E foi em um desses cenários que começou o roteiro de viagem no meu terceiro dia em San Francisco. Vamos passar pelo Lyon Street Steps, Palace of Fine Arts e Wave Organo. Vem comigo!
Uma escadaria de tirar o fôlego

Um dos lugares mais bonitos de San Francisco e com uma das melhores vistas, o Lyon Street Steps, nem sempre entra no roteiro de visitas dos turistas que passam pela cidade californiana. Para chegar até lá, eu peguei o ônibus Sutter St & Stockton St, aproveitando os benefícios do meu City Pass.
O Lyon Street Steps é uma escadaria cercada por um jardim bem cuidado e lindos casarões, que liga o bairro Cow Hollow (onde fica o Parque Presídio) a um dos bairros residenciais mais bonitos, e talvez o mais nobre da cidade, em Pacific Heights. São 332 degraus super inclinados, tão inclinados que não dá para ver todo o caminho nem no início da subida, nem no final.
O que você mais vai ver quando chegar, aliás, são moradores, subindo e descendo a escada, sem parar, fazendo exercícios para manter a forma. Turistas mesmo são poucos.
Esta é uma das “escada-calçadas” criadas em San Francisco para facilitar a movimentação dos pedestres em meio a tantas ladeiras. Vale tanto a subida quanto a descida, mas se você quiser seguir o meu roteiro, recomendo começar a visita pelo topo. É bem perto de onde o ônibus vai te deixar. Poucos minutos de caminhada.
Por onde começar a visita no Lyon Streep Steps
Começar de cima já vai te deixar sem fôlego, não pela pernada, mas pela bela vista da baía. Sério, é de tirar o fôlego! O “colírio para os olhos” já começa na caminhada pelo bairro, passando por belíssimas casas, uma mais linda do que a outra. E aí, quando você menos espera, a vista aparece bem diante dos seus olhos.
Sabe qual é a melhor parte? Sem turistas disputando lugar para tirar fotos. Se você, assim como eu, gosta de fotografar, sabe que nem sempre é uma tarefa fácil. Ainda mais quando é uma atração turística que está na #whislist de todo mundo. Então aproveite para apreciar e tirar muitas fotos.
Por que recomendo a visita pelo topo? Porque dali, depois de descer os 332 degraus e mais um pouquinho de caminhada, você vai encontrar o Parque Presídio e logo mais à frente, o Palace of Fine Arts, um dos lugares mais incríveis e fotogênicos de San Francisco.
Aliás, do topo da escadaria já dá para ver a cúpula do palácio lá no fundo, emoldurada pelo azul da baía. De um lado, o Parque Presídio e, do outro, as belas mansões de Pacific Heights. A sensação é de estar no paraíso.
Uma volta histórica pelo Palace of Fine Arts

Depois de uma leve caminhada, cheguei ao Palace of Fine Arts (o Palácio das Belas Artes). Que lugar! É um pedacinho da Europa na Califórnia, que pode ser visto em cada detalhe da arquitetura inspirada pelos grandes pilares greco-romanos, o teto todo trabalhado da cúpula, os ornamentos, as esculturas. Parece até um cenário cinematográfico, tamanha a perfeição.
E para completar, um enorme lago envolve o lugar, cheio de pássaros, tartarugas e outros animais. No caminho, eu vi até um pequeno beija-flor voando entre as flores que ornamentam o jardim do Palace of Fine Arts. Ao redor, casas que lembram o estilo vitoriano, todas bonitinhas, dão uma graça a mais na paisagem, que parece uma pintura inspirada em alguma obra de arte.
Sempre tem casais com fotógrafos, tirando fotos para o álbum de casamento. E não é para menos! Além de cinematográfico, o lugar é super romântico. Tem também muitas famílias e grupos de amigos aproveitando o verde ao redor do lago para fazer piqueniques. Morar por ali não deve ser nada mal, hein?
De exposição à atração turística
Idealizado pelo arquiteto Bernard Maybeck e inspirado por ruínas fictícias gregas e romanas, o Palace of Fine Arts foi originalmente criado para a exposição Panama-Pacific, uma feira mundial que recebeu 10 obras em comemoração à conclusão do Canal do Panamá, em 1919.
O sucesso foi tanto, que hoje o palácio é uma das principais atrações de San Francisco. E tudo graças aos moradores e visitantes de fora que, encantados com o palácio, se uniram e criaram um movimento para ajudar a preservar a obra.
Como o projeto foi inicialmente desenvolvido para eventos, os materiais utilizados na construção eram frágeis. Afinal, tudo seria demolido depois que terminasse. O Palace of Fine Arts recebeu exposições mais tarde e até serviu de “armazém” para artigos do exército. Até que em 1964, visando contornar a fragilidade da construção, toda a estrutura do palácio passou por reformas.
Foi preciso demolir praticamente tudo e reconstruir uma réplica, que só não é idêntica pela ausência de pinturas na cúpula, dois pilares e a ornamentação original do hall de exibições. Para complementar, o palácio ganhou um lago e os jardins ao redor. Em 2010, a estrutura também ganhou uma proteção antiterremoto.
Por onde começar a visita no palácio
Turistas, aqui sim muitos, caminham pelas colunas do palácio. Moradores aproveitam a calçada que contorna o lago para fazer caminhada e os bancos, na volta, para relaxar. Amigos e estudantes curtem o gramado verdinho para um piquenique, um som de violão e um merecido descanso. Casais procuram o melhor ângulo para as melhores fotos. Eu tentei aproveitar um pouquinho de tudo.
Depois de chegar perto e passar alguns minutos só admirando tamanha beleza, o meu conselho é começar com uma volta pelo lago. Assim, você já tem uma visão geral do lugar, ganha fotos lindíssimas, vê muitos bichinhos (patos, tartarugas, beija-flor, etc), e ainda aproveita para caminhar por ali, aproveitando o visual das charmosas casas ao redor, da própria natureza e do palácio (vários ângulos diferentes).
Em mais ou menos 30 minutos, talvez um pouco mais (parando para tirar muitas fotos), é possível fazer toda a volta ao redor do lago. Dali, pegue o caminho que passa por fora do palácio para ver o lago de outro ângulo e tirar mais fotos. Foi nesse percurso que eu encontrei um pequeno beija-flor.
Deu a volta no lago e passou pelo caminho em volta do palácio? Agora é hora de caminhar por dentro dele, observando de perto os detalhes na cúpula, os pilares, as esculturas, todo o trabalho arquitetônico. É lindo demais, principalmente com o contraste do céu azul!
Todo o passeio, seguindo esse roteiro e com muitas paradas para fotos (MUITAS!), deve ter levado uma média de 2h. Isso é bem relativo. Vai depender do tempo que você ficar em cada lugar e das vezes que parar para fotografar. Cada rota traz um olhar diferente. É legal também observar a cúpula do palácio dos lugares altos da cidade.
O Palace of Fine Arts fica na Lyon Street, 3301, bem pertinho do Parque Presídio, da Marina e também da ponte mais famosa de San Francisco. A área é bem residencial, um clima de bem-estar, paz. E você sabia? O conjunto arquitetônico foi cenário de vários filmes. Dizem até que o design da casa da rainha Amidala, em Star Wars: Episode I: The Phantom Menace, foi inspirado pelo palácio.
Wave Organ: um lugar inusitado em San Francisco
Seguindo o roteiro até chegar em uma das costas de San Francisco, depois de passar pelo Palace of Fine Arts, você vai encontrar a área da Marina. De um lado (o esquerdo para quem vai em direção ao mar), a ponte mais famosa, mais fotografada e mais incrível do mundo.
Do outro lado (o direito para quem vai em direção ao mar), uma pequena pernada de 20 minutos ou um pouco mais pela Yacht Road te leva até um lugar pouco explorado por turistas e acho que até pelos próprios moradores.
Quando cheguei na Marina, fiquei confusa até descobrir o caminho que me levaria ao Wave Organ. É que para seguir até lá você precisa passar por “dentro” da Marina, em um estacionamento particular, fechado para o público. Parecia muito que eu estava invadindo uma propriedade particular. E quando eu perguntava para os moradores, nenhum deles sabia me responder. Por isso, acho que o lugar é um pouco “escondido”.
E não tem qualquer placa indicando o caminho para o Wave Organ, então eu me senti ainda mais suspeita andando por ali. Não sei se foi confuso só para mim, mas se tiver a mesma dúvida que eu, lembre-se de seguir em frente até o fim, caminhando com os barcos de um lado e o mar do outro.
Mas o que é o Wave Organ?
Pouco divulgado e também bastante inusitado, o Wave Organ está em um cantinho muito especial de San Francisco, no final da Marina (também conhecida como Golden Gate Yacht Club), com vista para a espetacular Golden Gate Bridge, a ilha de Alcatraz, a baía de San Francisco, Sausalito, vários ângulos em um só lugar.
Em um primeiro olhar, a impressão que dá é de uma área com ruínas de algum castelo, mas a realidade é outra bem curiosa. O Wave Organ é um caminho formado por pedras e esculturas que ecoam o som das ondas do mar. É como um instrumento musical natural, a céu aberto. É uma atração com poucos turistas e um lugar que emana paz e tranquilidade. Reserve um tempo para sentar, meditar e curtir a natureza.
Como surgiu a ideia para a concepção do Wave Organ

Você sabia? O San Francisco Wave Organ foi idealizado por Peter Richards, um artista local do Exploratorium (vou falar sobre este museu em outro post) e contou com a colaboração do escultor George Gonzales para se tornar possível.
Como a música acontece? É como um órgão, só que movido pelas ondas ao invés de cordas. O som que ecoa por esculturas que lembram canos é ativado pelo impacto das ondas do mar, principalmente em época de maré alta. Lembra muito o som que ouvimos dentro de uma concha, sabe?
E a inspiração para algo tão inusitado, e tão poético ao mesmo tempo, veio de outro artista, Bill Fontana, conhecido por fazer esculturas sonoras e ser capaz de “tirar o som das coisas”.
Um protótipo foi apresentado em um festival de música, atraindo diversos olhares e também ajuda para a captação de recursos através do diretor fundador do Exploratorium, Frank Oppenheimer. Foi em setembro de 1985 que a obra começou para valer, utilizando material demolido de um cemitério (granito e mármore) e ficou pronta em maio de 1986.
Oppenheimer não chegou a ver a obra completa. Por isso, quando concluído, o Wave Organ foi dedicado em sua memória. O pequeno píer conta com 25 canos feitos de PVC e concreto. É preciso concentração e sintonia com o ambiente para sentir a música produzida pela ressonância do ar e pelo contato do movimento do mar com as tubulações.
Minha visita não foi durante a maré alta, então o som de “splish splash” era praticamente imperceptível, mas ainda sim vale conhecer. Espero voltar lá em época de maré alta para ouvir.
O Wave Organ fica bem perto do Crissy Field, um campo de mais ou menos 3,8 quilômetros para caminhadas e piqueniques na costa de San Francisco, que leva até a Golden Gate Bridge. E para lá que vamos no próximo post! 😉