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Review: Fate/Zero explora a intensidade das batalhas pelo Santo Graal

A Guerra pelo Santo Graal continua, ou melhor, começou 10 anos antes dos eventos de Fate/Stay Night. Isso porque Fate/Zero é uma prequel de uma das animações mais famosas do universo que reúne magos e espíritos heroicos em uma batalha pela realização de desejos. Pela linha cronológica, Fate/Zero acontece antes, mas o anime foi lançado sete anos depois de FSN. Esta também é a ordem que eu escolhi para acompanhar a história, a ordem dos lançamentos.

Anime Fate Zero_Logo (Reprodução)

Você pode escolher aquela que achar melhor, pois não existe uma regra. Embora eu tenha entrado nesse universo mágico lá em 2006, foi somente agora em 2018 que eu embalei três sequências de Fate em uma maratona de animes na Netflix para vir aqui compartilhar meu review com vocês.

Se você seguiu a mesma sequência que eu, verá a pequena Rin dando seus primeiros passos com magia, enquanto seu pai entra na Guerra pelo Graal. Alguns servos serão familiares, mas tem gente nova no pedaço. Antes de me prolongar, vamos à ficha técnica do anime Fate/Zero.

Que comecem as batalhas pelo Graal em Fate/Zero

Anime Fate Zero 08 (Reprodução)

Gênero: Ação, Drama, Sobrenatural
Estúdio: Studio DEEN
Baseado em: Light Novel
Número de Episódios: 25
Estreia: 2011

Eu já falei de light novel aqui no review de Violet Evergarden, mas acabei esquecendo de explicar o conceito para quem não conhece. O termo é bem conhecido no Japão e é utilizado para romances ilustrados no estilo mangá e com linguagem simples, que são distribuídos como folhetins em revistas ou pela internet. Diferente dos quadrinhos japoneses, as light novels não são publicadas semanal ou mensalmente. Geralmente, um volume leva de 3 a 4 meses para ser distribuído. E nem sempre o foco é em uma história de amor.

Anime Fate Zero_Mestres e Servos (Reprodução Calimero)

Em Fate/Zero, alguns acontecimentos de FSN são explicados. Personagens como Saber, Lancer e Archer retornam, com algumas mudanças. Neste universo, Gilgamesh é o Archer. Os únicos servos que se mantêm como os mesmos espíritos heróicos de FSN são Saber e Lancer. Os mestres, embora novos, serão familiares para quem já viu Fate/Stay Night. Participam da guerra o pai de Tohsaka Rin e o pai adotivo de Emiya Shirou, além do padre Kotomine Kirei. As regras se repetem: sete magos e sete heróis lendários travam uma batalha pelo Santo Graal (o Cálice Sagrado). Apenas uma dupla terá o seu desejo realizado.

Até aqui, semelhanças, mas a principal diferença esteja talvez na forma como a trama é conduzida, explorando as características da natureza humana a fundo e apresentando um cenário mais cruel e mais obscuro que seu antecessor. Fate/Zero é quase como um thriller psicológico, testando os personagens até o seu limite (ou mesmo além dele) e também sua honra.

A guerra é centrada, principalmente, na disputa pelo poder entre três famílias: Matou, Einzbern e Tohsaka. Por mais tradicionais que algumas delas possam ser, os bons princípios passam longe da disputa. Todos os métodos são utilizados, limpos ou não. Vencer está acima de tudo.

A família Einzbern investe no mercenário Emiya Kiritsugu para vencer a todo custo. Ele deseja um mundo sem guerras, mas carrega um passado sombrio. Sua serva é nada mais, nada menos que Saber, a mesma que vem a lutar ao lado de seu filho adotivo em Fate/Stay Night. As famílias Matou e Tohsaka têm conflitos à parte, envolvendo Tohsaka Sakura e Matou Kariya, ambos são atraídos para a guerra, direta ou indiretamente, mesmo contra as suas vontades. O pai de Rin, Tohsaka Tokiomi, ainda se alia ao misterioso padre, que é o mediador ao mesmo tempo em que participa como mestre. Será que foi uma boa jogada?

E é exatamente esse o foco de Fate/Zero. Toda a história é movida pelas motivações e desejos, pelas decisões e sede de vitória de cada mestre e de cada servo. Por isso, a trama se torna mais obscura e profunda entre as animações do universo de Fate. Conhecemos aqui a parte amarga de uma guerra pelo poder. Conhecemos também toda a preparação tática, estratégias de batalha e até meios mais extravagantes, afinal, o objetivo é conquistar o graal custe o que custar. Isso nos leva para outro caminho. Com tantas artimanhas, existe o bem e o mal?

Além dos protagonistas, também acompanhamos o desenvolvimento de personagens secundários, que chamam a atenção no mesmo nível dos principais. Exemplo disso é a dupla formada pelo mestre Wave e seu servo Rider, que aqui é representado pelo espírito heróico de Alexandre, o Grande/Iskandar. Os dois são um contraste entre si, entre um menino aprendiz de mago e um grande guerreiro, exaltando temas como confiança e companheirismo.

Outra dupla que se destaca em meio às batalhas, o mestre Ryuunosuke e seu servo Caster, representado pelo espírito heróico de Guilles de Rais (um dos companheiros de luta de Joanna D’Arc), promove temas como loucura e psicopatia em planos banhados pelo sacrifício de inocentes.

Anime Fate Zero_Servos (Reprodução Calimero)

No quesito trilha sonora, Fate/Zero é intenso, decisivo, quase épico, com uma mistura de ópera clássica e batidas pop, que mantêm o tom trágico que as cenas pedem e dão mais movimento às emoções emanadas durante as acirradas batalhas. As músicas de fundo funcionam como complementos para o enredo, enriquecendo ainda mais a narrativa e a força dos personagens.

A primeira abertura fica por conta de “Oath Sign“, da Lisa, trazendo o contraste de instrumentos de corda como o violino com os acordes de uma guitarra elétrica. Enquanto o encerramento, “Memoria“, de Aoi Eir, vem com um tom um pouco mais melancólico. Na segunda temporada, o anime abre com um pouco mais de drama na voz do grupo Kalafina, com “To the Beginning” e fecha com Luna Haruna cantando “Sora wa Takaku Kaze wa Utau“, seguindo a mesma intensidade. Que voz linda!

Este tom épico e com foco na intensidade das batalhas, tanto nas músicas quanto na própria animação, parece ganhar força à medida que Fate é lançado. O primeiro que eu vi, Fate/Stay Night parece mais neutro em relação aos seus antecessores. E o que acontece em Fate/Zero se intensifica ainda mais em Fate/Apocrypha, que virá na próxima resenha aqui no blog. Aguardem!

Anime Fate Zero_Saber (Reprodução Calimero)

Além do mood épico, a natureza humana – capaz de confiar e trair – também é fortemente explorada nestes dois universos de Fate, a ponto de nos fazer odiar e amar um personagem com a mesma intensidade. Fate/Zero vai além do âmbito psicológico e mergulha em um universo mais sombrio e menos romântico. Para mim, romance não é um tema tão bem explorado pela franquia, talvez Fate/Apocrypha seja o mais próximo do que podemos chamar de romance.

Apesar do foco ser mais centrado na obscuridade da natureza humana, eu gosto de Fate/Zero e recomendo para quem acompanha a franquia. O que eu não gosto muito, mas entendo que cada anime é uma história paralela, não diretamente relacionada aos seus antecessores, é que os personagens de FSN não são os mesmos em Fate/Zero. A Saber e o Lancer voltam, assim como Gilgamesh, mas Rider que antes era uma mulher, agora é um guerreiro cheio de músculos. Caster também deixa de ser uma mulher para se tornar Guilles.

Anime Fate Zero 08 (Reprodução BlaGeYT)

Eu entendo a troca de mestres, já que depende da época de cada guerra pelo Santo Graal, mas eu me apeguei aos servos e queria que fossem os mesmos em todas as batalhas. Lembra que eu falei lá no primeiro review para não se apegar? Pois é, não consegui seguir meu próprio conselho. 😉

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