Era uma vez histórias de honra e heroísmo, em que pessoas corajosas empunhavam espadas, lanças e arcos e montavam a cavalo (ou não) para proteger suas terras de invasões. Rei Arthur, Carlos Magno ou Alexandre, o Grande. Você já deve ter ouvido falar de ao menos um deles, não é? Agora acrescente uma dose de magia, algumas pitadas de mitologia e voilá, entramos no universo de Fate/Stay Night.

Há tempos venho querendo compartilhar minhas percepções sobre um dos animes mais emblemáticos que já assisti. Comecei a ver Fate/Stay Night em 2006, na época em que foi lançado. Gostei tanto que cheguei a participar de eventos com cosplays da Rin e da Saber.

Com a correria do dia a dia que todo mundo conhece, não consegui terminar de ver todos os episódios. Somente agora o anime voltou para a minha lista de “tenho que assistir”. Eu só consegui ver tudo para valer neste ano, quando descobri que estava no catálogo da Netflix. Eu sei que é um gap bem grande, mas eu recomecei como se fosse algo totalmente novo, até porque eu não lembrava de muita coisa.

Quem conhece a franquia, sabe que esta é apenas uma das versões animadas. Não sei dizer se tem uma ordem cronológica para assistir a série, acho que vai mais da preferência de cada um. Pode ser pela própria ordem cronológica da história, pela ordem dos lançamentos ou como você quiser, mas gosto da ordem que acabei seguindo meio que sem querer. E como esta é a primeira resenha da franquia, você já deve imaginar que Fate/Stay Night também foi o primeiro da lista.

Depois voltei um pouco no tempo para acompanhar os eventos da Guerra do Santo Graal quando a Rin ainda era uma garotinha, em Fate/Zero (2011). No embalo, segui para Fate/Apocrypha (2017) que entrou recentemente na minha lista. Partindo dessa sequência, esta vai ser a ordem das resenhas que farei por aqui. Eu ainda tenho que ver Fate/Last Encore, que entrou na Netflix agora em julho, para compartilhar minhas impressões de todas as animações. Enquanto isso, vamos à ficha técnica. 🙂

Bem-vindo ao universo de Fate/Stay Night

Gênero: Ação, Drama, Sobrenatural
Estúdio: Studio DEEN
Baseado em: Visual Novel
Número de Episódios: 24
Estreia: 2006

Ah! No meio de toda essa sequência, tem ainda um filme, lançado em 2014 com o nome de Fate/Unlimited Blade Works. Como eu ainda não vi, não vou falar dele por enquanto. Parece que também tem uma trilogia conhecida como Heaven’s Feel, além de alguns spin-offs.

Ah! Para quem não sabe, visual novel é um recurso muito utilizado em jogos de videogame e PC no Japão. O termo é usado para games que têm um foco maior no enredo por meio de textos, músicas e imagens que acompanham a história durante a trajetória do jogador e propõem uma forma mais interativa de jogabilidade. Qualquer avanço no jogo vai depender das escolhas que o jogador fizer.

Voltando ao anime, as histórias não estão diretamente relacionadas, por isso a ordem não é assim tão importante. As que mais se conectam entre si são Fate/Stay Night e Fate/Zero. Você vai rever personagens em outro momento no tempo, mas os servos nem sempre são os mesmos, nem as cidades onde ocorrem os eventos.

Você vai notar algumas referências em Fate/Apocrypha, flashes com a Saber dos outros dois animes e uma breve participação de Gilles, que era o Caster em Fate/Zero, em outra forma, sua encarnação original como cavaleiro de Joana D’Arc. Por falar nisso, vou apresentar os conceitos abordados no anime e que servem como pano de fundo em todas as versões.

A trama gira em torno de uma guerra secreta entre magos, compartilhada entre poucas famílias desde os tempos da Távola Redonda e que acontece a cada 60 anos. Sete magos, chamados de mestres, lutam entre si para conquistar o Santo Graal. Diz a lenda que com ele o vencedor da guerra pode realizar qualquer desejo e ter o mundo em suas mãos.

De um lado, 7 servos encarnados por espíritos heroicos

Só que os mestres não estão sozinhos nesta saga. Cada um pode invocar um servo, que nada mais é do que a reencarnação de um espírito heroico do passado com habilidades especiais, a mais poderosa delas conhecida como Fantasma Nobre.

Os servos estão divididos em sete classes: Saber (espadachim), Archer (arqueiro), Lancer (lanceiro), Rider (cavaleiro), Caster (mago), Berserker (guerreiro louco) e Assassin (assassino). Seus nomes verdadeiros são mantidos em segredo e só são revelados em dois momentos: pelo próprio herói ou quando seu Fantasma Nobre é liberado.

Do outro, os mestres/magos que buscam o Santo Graal

Representando os mestres, temos Tohsaka Rin (uma das minhas personagens preferidas) e Emiya Shirou como os protagonistas. Rin faz parte de uma família tradicional no universo dos magos. Seu pai participou da Guerra do Graal anterior, inclusive conhecemos um pouco mais da história em Fate/Zero. Quem luta ao seu lado é Archer, que demonstra habilidades muito além do arco e flecha. Ele também é bom com espadas.

Shirou, por sua vez, é o único sobrevivente de um misterioso incêndio. Ele é salvo por Kiritsugu Emiya, que o adota como filho adotivo, ensina magia a ele (pelo menos tenta) e o inspira a se tornar um herói capaz de salvar todos. Você também vai saber mais sobre ele e essa inspiração heroica em Fate/Zero.

Apesar de só conseguir realizar magias de reforço, canalizando energia para tornar uma pedra mais resistente, por exemplo, ele invoca nada mais, nada menos que Saber, uma das personagens mais carismáticas da série e talvez uma das mais fortes (ela também é uma das minhas personagens preferidas). Ela é uma espadachim extremamente habilidosa e fiel aos seus princípios. Só que diferente da Rin que teve todo um preparo até a chegada deste momento, Shirou invoca a Saber meio que acidentalmente, mas a parceria funciona muito bem, ainda mais quando os dois jovens mestres unem forças.

Agora que já conhecemos os principais magos e seus servos, vamos falar dos outros participantes. Com a aparência de uma garotinha frágil, Illya (Illyasviel von Einzbern) invoca um dos servos mais fortes, tanto em tamanho como em força, Berserker. Com uma personalidade levemente irritante (para não dizer totalmente), Matou Shinji está entre os mestres desta guerra pelo Graal e conta com a ajuda de Rider. Apesar de habilidosa com as correntes, é considerada uma das servas mais fracas no grupo.

Fora Illya, todos os participantes até aqui são estudantes, mas nem só de estudantes se faz uma guerra. O próximo mestre é um dos professores do colégio onde estudam Rin, Shirou e Shinji, Kuzuki Soichirou. Diferente dos outros magos, aqui é Caster quem “invoca” o professor como seu mestre. Embora não seja eficiente em uma luta corpo a corpo, Caster é uma feiticeira de mão cheia. Ela é tão boa com magia, que também invoca um servo para ajudá-la a conquistar o graal. Trata-se de Assassin, um samurai pra lá de habilidoso com a espada.

Para completar o jogo, temos um mestre que também é o mediador da guerra: o padre Kotomine Kirei. E como se não bastasse, ele tem dois servos ao seu dispor: Lancer, bom com a lança e um dos mais hábeis no grupo, e Gilgamesh, considerado um dos mais fortes por ser habilidoso com qualquer tipo de arma.

A guerra se repete a cada 60 anos para realizar um desejo

Voltando às regras do jogo, ao invocar um servo, cada mestre recebe três selos de comando. Os selos se manifestam no corpo dos magos e têm o poder de conceder uma ordem muito intensa, obrigando o servo a cumpri-la por bem ou por mal. A regra é um pouquinho diferente no Apocrypha, mas isso é assunto para outro review.

O que também vale para todas é a presença da igreja como instituição responsável por organizar e guiar os confrontos, além de manter os acontecimentos em segredo do grande público. Eu diria que as ações da igreja são um tanto quanto suspeitas, principalmente quando tem o envolvimento do padre Kotomine Kirei. Quem já viu o anime vai entender o porquê.

O traço não tem a beleza quase que conceitual de animes como Violet Evergarden e Kujira no Kora, mas ainda sim é uma animação bonita de se ver. E a qualidade do anime melhora a cada episódio. Assim como os desejos sombrios de cada um, que começam a aparecer com o decorrer da história. É um anime bem denso, como todos os outros que falarei aqui mais à frente. Então prepare o coração para assistir e não se apegue muito aos personagens! Afinal, é uma guerra que só termina com a vitória de uma dupla, mestre e servo.

No meio de tantas lutas, o romance também tem lugar, mas não espere muitas demonstrações de amor ou declarações apaixonadas. Talvez você até se surpreenda com o casal que fica junto no final, talvez até torça por eles. Na minha opinião, faltou aprofundar essa relação. Foi tudo muito superficial e eu acho que tinha potencial ali, assim como outros personagens que mereciam um aprofundamento maior e até um destaque a mais na história. Pouco ouvimos sobre o passado dos servos e seus feitos heróicos.

Outro ponto negativo é a própria personalidade de Shirou, sempre querendo salvar todo mundo. Isso é ruim? Não, mas você tem que conhecer seus limites e acertar nas escolhas sem depender tanto de outros personagens. Shirou se apoia muito na Saber e pouco faz como mestre, mas é legal ver sua evolução no final.

E a trilha sonora de Fate/Stay Night? Com muitos arranjos de violino e piano, puxando toda a força do som instrumental, o tom musical é dramático, beirando o trágico por meio de notas que soam tão melancólicas e intensas. A escolha combina com a atmosfera densa do anime.

As duas músicas de abertura ficam por conta de Desillusion e Kirameku Namida wa Hoshi ni, ambas na voz de Sachi Tainaka. Também há duas canções de encerramento, Anata ga Ita Mori e Hikari, na voz de Jyukai, um duo de pop rock formado por Manami e Dewa Yoshiaki.

Bom, vou começar a me despedir, porque parece que o review está se estendendo mais do que deveria, não é? E eu não quero deixar spoilers, quero só te deixar com vontade de ver o anime e suas sequências. Eu demorei a terminar de assistir Fate/Stay Night, mas quando voltei já emendei Fate/Zero e Fate/Apocrypha na maratona. Falta só o Fate/Last Encore agora.

O mais legal de Fate/Stay Night é acompanhar a evolução dos personagens, desenvolvendo estratégias e avançando com as habilidades na magia. E você? Se fosse um mago, que servo gostaria de invocar? E se vencesse a guerra do Santo Graal, que desejo faria? 😉