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Arraial d’Ajuda: falésias a perder de vista, muito verde e aconchego no ar

Com um roteiro de viagem de cinco dias para conhecer Porto Seguro, um período de chuvas mais frequentes e em meio a uma paralisação no Brasil que deixou muita gente sem combustível, inclusive as agências de turismo que oferecem passeios, sem contar a circulação reduzida de ônibus pela cidade para poupar gastos, escolher praias próximas para visitar não foi uma tarefa fácil. Tudo dependia de carro, van ou balsa para chegar. Nós escolhemos Trancoso, mas o passeio ficou só na imaginação. No lugar, conhecemos Arraial d’Ajuda…

61_Viagem a Arraial d'Ajuda, na Bahia (Natália Cagnani)

Trancoso é um dos nomes mais famosos no roteiro de viagem de quem vai conhecer Porto Seguro, mas não foi dessa vez que conhecemos a praia. Fechamos um pacote de passeios para os dois últimos dias: o primeiro seria para Trancoso e o segundo incluía uma volta de chalana (espécie de embarcação para navegar pelo rio) por três ilhas.

Estava tudo certo até então. Esperamos na frente do hotel na hora combinada até a chegada da van que nos levaria para a famosa praia. Embarcamos e saímos na expectativa. O primeiro ponto do trajeto que me chamou a atenção foi a entrada na fila para pegar a balsa até Arraial d’Ajuda. Atravessamos, demos uma rápida volta pela cidade até chegar na Praia de Mucugê.

Quando a van parou e todos começaram a descer, fiquei confusa. Então eu e minha mãe perguntamos para o motorista se a agência tinha incluído essa parada como bônus antes de seguir para Trancoso. E ele respondeu que ali era o fim da linha, que o passeio era em Arraial D’Ajuda.

Sabe quando você se programa e cria expectativas para conhecer um lugar e, de repente tudo muda? Foi assim que eu me senti. Arraial d’Ajuda tem praias lindas e um centro histórico encantador, mas eu me preparei para ir até Trancoso, sabe? Enfim, queria falar sobre Trancoso, mas vou contar como foi minha experiência em Arraial d’Ajuda, o novo passeio que a agência preparou para nós de surpresa.

Com menos de 17 mil habitantes (IBGE/2010), Arraial d’Ajuda é um pequeno distrito de Porto Seguro, cercada por vegetação nativa e belas praias. O acesso é feito por balsa, em um percurso que dura cerca de 10 minutos. A travessia pode ser a pé, de bike ou de carro. O intervalo entre as balsas é de apenas 30 minutos. No dia que eu fui, o intervalo era de 1h devido à paralisação que parou parte do abastecimento de combustível no País.

A maré estava baixa, dando a impressão de que os barcos tinham afundado na areia, quase sem água do Rio Buranhém, que separa Arraial de Porto Seguro.

Praia de Mucugê

Comparada com Porto Seguro, Arraial tem um ar mais rústico, com ruas de paralelepípedo, árvores formando verdadeiros túneis sobre as ruas, quase que um refúgio da natureza. É muito bonito! A primeira parada foi na Praia de Mucugê, com mar tranquilo, algumas pedras emoldurando a paisagem durante a maré baixa e a formação de piscinas naturais. É lá também que fica o maior parque aquático da Bahia, o Eco Parque Arraial d’Ajuda.

Geralmente, esta praia é uma das mais badaladas pela infraestrutura turística e também por ficar na área central do vilarejo. Ao longo do dia, vários ambulantes passam oferecendo desde roupas a comidas. Alguns levam até pássaros treinados, que pulam no seu braço. Eles ficam quietinhos, super comportados. Dá até uma dorzinha no coração de não comprar nada, principalmente quando são crianças. E todos são muito queridos. A vontade é de comprar tudo que oferecem para ajudar as pessoas.

Ah! Foi lá que eu provei um acarajé vegetariano, com recheio de vatapá. Perto de onde a gente estava, tinha uma baiana vestida a caráter, andando pela praia, de ponta a ponta. Muito simpática, ela nos atendeu onde estávamos e levou o acarajé até lá, acompanhado de um potinho de pimenta. Eu achei que o acarajé precisava de um pouco mais de tempero, não sei se é assim, se é o vegetariano, mas resolvi provar a pimenta para dar um pouco mais de sabor. Gente! A pimenta era muito forte, mas muito forte. Eu não fazia ideia, mas valeu a experiência. 🙂

Praia do Parracho

Bom, mas deixando a pimenta de lado e voltando ao passeio, eu não sou muito de ficar parada na praia, tomando sol e fazendo nada. Eu gosto de caminhar, conhecer e fotografar. E foi isso que eu fiz. Comecei a andar em direção à próxima praia, a Praia do Parracho.

Minha meta era encontrar as famosas falésias de Arraial d’Ajuda. Com uma larga faixa de areia, o local é muito frequentado por mergulhadores. Eu não achei a praia assim tão bonita, mas ela estava no caminho até o que realmente me interessava: a Praia da Pitinga.

Praia de Pitinga

Uma das mais belas praias do Brasil, na minha opinião, entre as que eu já tive a oportunidade de conhecer. É um cartão postal, digno do máximo de fotos que você puder tirar. Emoldurada por grandes falésias multicoloridas, a praia é bem mais rústica do que as duas primeiras. Tem até um pequeno rio bem na frente do mar.

A Praia da Pitinga começa onde há algumas barracas com restaurantes, logo depois de uma curva, quando as primeiras falésias aparecem, sem aviso prévio, esbanjando uma beleza natural sem tamanho e encantando o olhar. Fui surpreendida por aquele visual tão incrível.

E a vista continua até a Praia do Taípe, com mar aberto, isolada por falésias de até 20 metros. Dizem que suas areias são ricas em silicato de alumínio, componente usado na indústria de cosméticos. Eu queria muito ter ido até lá, só vi de longe, mas eu não sabia quanto tempo levaria até lá caminhando. Acho que até Pitinga levei mais ou menos 30 minutos. Não tenho muita certeza do tempo, porque eu parava o tempo todo para tirar fotos pelo caminho.

Em Pitinga também demorei bastante. Não conseguia parar de admirar aquela paisagem natural, formada por falésias multicoloridas cobertas pelo verde da vegetação nativa e preservada, acompanhada pelo som das ondas do mar esverdeado quebrando na areia fofa. Passei muito tempo por lá antes de começar a voltar para Mucugê. Essa caminhada valeu todo o passeio, valeu a confusão com Trancoso, valeu pelo dia. 🙂

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