Gente! Estou no embalo dos reviews ultimamente, né? Comecei com Kujira no Kora, passei por uma das séries mais populares do momento, La Casa de Papel, e agora volto com mais um anime para a lista. Um dos títulos mais aguardados de 2018, Violet Evergarden entrou para o catálogo da Netflix no dia 11 janeiro deste ano, um dia após a estreia no Japão, com adição de novos episódios todas as quintas-feiras. Eu estava esperando a entrada de todos os episódios para maratonar e preparar esse review. Com a primeira temporada completa no dia 5 de abril (ainda não sabemos se o anime vai ganhar uma continuação, mas parece que um filme ou OVA já está garantido), vamos ao que interessa.
Como contei no meu primeiro review aqui, um dos critérios que gosto de seguir antes de escolher o que assistir é o traço do desenho. E Violet Evergarden é de encher os olhos com uma animação de alta qualidade, mas este não foi o único motivo. O roteiro me chamou a atenção também, só que não foi o fator determinante para a minha escolha. Isso tem a ver com uma personagem muito querida para mim, a Saber de Fate/Stay Night. Olha como a Violet é parecida com ela! A cor e o estilo de cabelo, o vestido azul, a essência de guerreira e de justiça. Então, antes mesmo de assistir, já criei uma empatia com a protagonista. Olha que lindo esse desenho que encontrei na internet! 🙂

E o que eu mais gostei é que, enfim, uma animação japonesa teve transmissão quase que simultânea, ou seja, poucas horas depois de ir ao ar no Japão, o episódio do anime estava disponível aqui no Brasil. Já estava na hora dessa globalização chegar, né? 😉
Antes de compartilhar minhas percepções mais a fundo sobre a animação e sem spoilers (porque eu também não gosto de spoilers…hehe), vamos à ficha técnica de Violet Evergarden.

Gênero: Drama, Fantasia
Estúdio: Kyoto Animation
Baseado em: Light Novel
Número de Episódios: 13
Estreia: 2018
Como o próprio nome já indica, Violet Evergarden é a protagonista deste anime. Apesar da aparência super delicada, talvez até frágil em um primeiro olhar, as aparências enganam. Violet era considerada uma arma de guerra, um trunfo para vencer batalhas, já que age mais como um robô, de forma pouco orgânica, e menos como um ser humano com sentimentos e apego. A história se passa logo depois da guerra. A primeira cena mostra Violet recobrando a consciência no hospital. E ela só tem um pensamento em mente: o Major Gilbert está bem?
Gilbert é seu companheiro de guerra, talvez algo mais, o único personagem que prende a atenção da protagonista que, agindo apenas como uma arma, segue somente suas ordens. Nada mais importa, nem sua própria sobrevivência, nem os braços mecânicos que substituem os dois perdidos durante a guerra. Ao menos, este é o clima quando começamos a conhecer a história, com o apoio de flashbacks, e um pouco mais dos personagens que fazem parte dela.
Só que Gilbert está desaparecido desde então. Nos escombros da última batalha, apenas as credenciais são encontradas, sem qualquer sinal dele. Com o fim da guerra e o sumiço de seu major, Violet precisa encontrar um novo propósito para viver. Em busca de respostas para entender os sentimentos humanos e seus próprios sentimentos, ela começa a trabalhar nos Correios CH, como autômata de memórias, aos cuidados do então tenente-coronel Hodgins, amigo de Gilbert. No novo trabalho, ela deve escrever cartas que transmitam os sentimentos das pessoas através de palavras. Uma curiosidade. A profissão recebeu este nome devido a uma referência às primeiras mulheres que redigiam as cartas. Elas tinha o tamanho de bonecas e, por isso, eram chamadas de “Bonecas de Memórias Automatizadas”, as autômatas de memórias.
Aliás, a escrita é um dos elementos centrais da trama em uma época em que a datilografia estava presente no dia a dia das pessoas. E cada história que passa pelos dedos de Violet na máquina de escrever servem também de aprendizado para ela de um mundo ainda desconhecido. O próprio dia a dia como autômata é uma experiência à parte, já que cada colega de trabalho tem sua própria bagagem para compartilhar.
Ah! Não vou falar de dublagem, porque eu sempre gosto de acompanhar animes, séries ou filmes sempre no idioma original, ainda mais quando é o japonês. 🙂




A personalidade de Violet lembra o de uma criança confusa e cheia de dúvidas, tentando entender o mundo ao seu redor. Embora ela não demonstre sentimentos em um primeiro momento, afinal isso é algo desconhecido para ela até então, a personagem tem um carisma encantador. Dá vontade de cuidar dela e dizer que tudo vai ficar bem. Não que Violet não saiba se cuidar. Ela participou de guerras durante toda a vida até aqui, mas isso acabou privando-a de experimentar outras coisas, de conhecer o que está além dos campos de batalha. Isso fica bastante evidente em uma cena com o major. Enquanto os dois passeiam por uma feira ao ar livre, Gilbert pergunta a Violet que presente ela gostaria de ganhar. Ela responde com outra pergunta. O que deveria querer? Ele diz que meninas da idade dela querem vestidos. No fim, Violet acaba se sentindo fascinada por um broche turquesa, que tem a cor dos olhos do major. Aí fica o questionamento, será que ela sente algo? Será que Violet gosta de Gilbert, mas não sabe?
Agora que você já conhece um pouco mais da história, vamos falar do espetáculo visual. As cores são lindas. Em cenas de pôr do sol, nuances do laranja ganham maior incidência. Tem um take no alto de uma torre, onde Luculia leva Violet para ver a cidade de cima, que deixa esse contraste em forte evidência. Durante a noite, o azul se destaca a partir do brilho da lua e o efeito de luz e sombra nos personagens. O visual é lindo, com momentos de tirar o fôlego, expressões faciais marcantes com closes, cenários estonteantes e uma fluidez de movimentos digna de suspiros.

Por falar em cenário, Linden é a cidade onde Violet passa a maior parte do tempo. Como escritora de cartas, a protagonista está sempre viajando para atender seus clientes aonde quer que estejam. Linden lembra um vilarejo da Europa do século XIX, com roupas e detalhes que remetem à época, apesar da tecnologia de ponta capaz de reconstruir os braços de Violet com um tipo de metal resistente. Além da região de Leidenschaftlich, outros belos cenários entram em cena conforme acompanhamos as viagens da protagonista.
E a trilha sonora então? Gostei bastante, combina com o clima do anime. Arranjos suaves, com notas de piano e uma vibe quase melancólica contrastam com as nuances psicológicas de cada cena. A abertura é suave com “Sincerely“, de Miho Karasawa, mais conhecida como TRUE, e o encerramento segue um caminho ainda mais calmo com “Michishirube“, de Minori Chihara. E já que estamos falando em destaques, Violet Evergarden é um anime premiado. Ganhou o 1º lugar na Kyoto Animation Award’s em 2014, na categoria romance.

O mais legal em todo o anime, para mim, foi acompanhar o desenvolvimento da personagem. Este é o foco por trás do roteiro, aliás. Da inocência de uma criança a uma menina/mulher madura, segura de seus sentimentos e seguindo um caminho totalmente oposto, da guerra para a redenção. Cada carta que passa pelas mãos de Violet é uma nova fase de amadurecimento para ela e para as pessoas a sua volta, tanto no trabalho como para aquelas que solicitam ou recebem as cartas escritas por ela. O encanto de Violet Evergarden começa com o visual e ganha força com a história e um enredo dramático, que mostra como as cicatrizes de um pós-guerra podem evoluir e abrir um novo mundo de possibilidades.