A manhã do dia 22 de dezembro foi corrida. Uma visita ao Corso Buenos Aires e logo mais eu já estava a caminho da estação Milano Centrale. Meu próximo trem me levaria a um destino diferente de todo o resto da programação: uma pequena cidadezinha no meio dos alpes gelados da Suíça. Lembro que quando decidi incluir o país no meu roteiro, tive a difícil tarefa de escolher uma cidade para ser meu ponto final antes de voltar para a Alemanha. Pesquisei, pesquisei e pesquisei. Li muitos reviews, vi fotos, fiquei cheia de dúvidas. Uma cidade mais linda que a outra. Suíça parece um lugar muito diferente, bonito e organizado.
Depois de muito pensar e pesquisar, escolhi uma cidade chamada Zermatt. Comparada aos outros destinos do meu roteiro, não era um lugar tão turístico ao mesmo tempo em que costuma ser muito procurado por esquiadores. Isso porque Zermatt é cercada por montanhas. E uma delas é bem famosa por lá. Dizem que ela inspirou a marca Toblerone. Lembram daquele desenho de montanha na embalagem? Pois então! A montanha mais famosa e uma das mais fotografadas por lá se chama Matterhorn. Saudade do Matterhorn!

Com duas conexões pelo caminho e uma viagem de 3h30min, a paisagem da Itália começava a mudar aos poucos através da janela do trem. Quanto mais para o norte, quanto mais perto da fronteira com a Suíça, mais branquinha ficava. Diferente da paisagem da Holanda, não caiam flocos de neve, mas a neve estava lá, cobrindo as estações, a grama e as cidades que apareciam pelo caminho. Fiquei com vontade de conhecer alguns lugares. O norte da Itália parece incrível!
Quanto mais perto da fronteira, mais neve acumulada no chão. Ao passar por Domodossola, a última parada italiana, o trem teve uma visita da polícia, acompanhada por um cão farejador. A maquinista avisou para que todos deixassem o passaporte em mãos e a bagagem à disposição, caso fosse solicitado. Um policial foi até o meu vagão. Eu estava sentada na janela em uma das poltronas com mesa no meio. Eram quatro poltronas, ao todo, todas ocupadas. O policial fez algumas perguntas para um estudante que estava sentado em uma das poltronas na minha frente e revistou sua mochila. Depois disso, seguimos viagem tranquilamente.
Para chegar em Zermatt, desci em Brig para pegar o trem definitivo. O desembarque é na parte de dentro da estação. O trem para Zermatt fica na plataforma externa, bem na entrada. É uma locomotiva pequena, a mesma que faz um dos mais famosos passeios por lá, em uma das montanhas próximas do Matterhorn. As janelas são enormes, já dando uma prévia de que teriam belas paisagens à vista, pelo caminho até Zermatt. Belas é pouco! Sabe aquele cenário que parece ter saído de um filme? Foi essa a sensação. Ao entrar no trem, parece que a realidade fica para trás e dá lugar a uma sequência de paisagens incríveis, dignas de cinema, com montanhas cobertas pela neve, pinheiros e pequenos vilarejos com casinhas em forma de cabanas.

Zermatt é uma cidade mágica, de tirar o fôlego, com paisagens que parecem ter servido de inspiração para cenários de filmes. Montanhas por todos os lados, telhados cobertos por neve, casas seguindo o estilo de cabanas e esquiadores, muitos esquiadores. É a terra deles! E o reflexo do sol na neve, dando aquele efeito de brilho no branco, deixa tudo ainda mais encantador. É de fazer os olhos brilharem. Aliás, as mais belas paisagens de trem eu vi do norte da Itália até a Suíça.
Tive um dia e meio em Zermatt. Se eu pudesse, ficaria mais, claro, mas foi tempo suficiente para seguir todo o roteiro que eu projetei para lá para uma primeira vez na Suíça. Cheguei na cidade 1h antes de começar a escurecer. A vista da estação de trem já é tão bonitinha, faz você se sentir realmente de férias. E era isso que queria, que o último destino do mochilão fosse uma experiência diferente do restante da viagem ao mesmo tempo em que fosse um lugar para descansar e repor as energias.
Ao desembarcar, logo depois de ficar um tempo só admirando toda aquela beleza tão exótica para as experiências que eu tinha até então, fui até o escritório de turismo, ao lado da estação. Bem fácil de achar! Peguei mapas da cidade, das montanhas e pedi informações sobre os passeios de bondinho e trem. A moça foi super receptiva e falava muito bem o inglês. De lá, voltei para a estação até uma pequena estátua do carneirinho Wolly, símbolo da cidade. Logo atrás dele há um totem com um telefone e uma tela, que mostra os números de todos os hotéis de Zermatt. Procure pelo seu na lista e chame o shuttle do hotel para te buscar. A ligação é gratuita.

Ah! Carros não circulam pela cidade, apenas carrinhos elétricos autorizados. Geralmente, de hotéis ou táxis. Meu hotel oferecia translado gratuito da estação de trem ao hotel e também na volta. Além da praticidade, o mais legal é a experiência de andar em um carrinho elétrico. Sem contar o silêncio durante a noite, uma delícia para descansar e relaxar.
Escolhi ficar em um hotel um pouco mais afastado, a 15 minutos a pé da estação de trem. Como a cidade é pequena, tudo é muito perto. Então até os hotéis mais afastados, como o meu, eram próximos. Deixei minha bagagem e comecei a explorar o centrinho da cidade, logo quando cheguei, para aproveitar o primeiro dia, mesmo que já estivesse prestes a escurecer. Um charme só!
Antes de chegar na igreja e na rua principal, passei pelo cemitério dos alpinistas. Tem dois, um menor atrás da igreja e outro maior. Fiquei emocionada ao pisar no menor, pensando nas histórias de bravura e aventura por baixo de toda a neve que cobria as lápides. Um dos túmulos que mais chamou minha atenção deve ter chamado a atenção de outras pessoas que passaram por lá: “I choose to climb” (“Eu escolhi escalar”). Isso diz muito, não?
Perto dali, tem algumas espreguiçadeiras para quem quiser relaxar depois de um dia nas montanhas. Queria muito ter ido, mas o frio não deixou. Caminhei um pouco até a rua da igreja, ponto de referência em Zermatt. É lá que fica a rua principal, que leva até a estação de trem, e também a concentração de lojas com equipamentos de esqui, casacos de frio e muitos souvenirs. Não recomendo deixar para comprar coisas de esqui por lá, porque os preços são bem altos. Afinal, a cidade estava cheia de esquiadores, famílias de esquiadores, amigos esquiadores.