Viagens

Venezia: como não se apaixonar por seus canais?

O sol começou a nascer, gradualmente, enquanto eu aproveitava o último café da manhã em Firenze, com direito a um cappuccino para começar o dia bem. O café foi rápido, porque pouco tempo depois eu já tinha que estar na estação de trem para embarcar para Venezia. Ah! Foi minha primeira viagem de primeira classe. Eu nem tinha chegado em Venezia ainda e já começava a viagem com o pé direito. Confesso que incluí a cidade no roteiro por estar no caminho entre Firenze e Milano. Não tinha grandes expectativas, porque eu enxergava Venezia como um destino para casais.

05_Viagem de trem pela Europa, Venezia, Itália (Natália Cagnani)

Foi só chegar lá, antes mesmo de desembarcar, no caminho quando você começa a passar pelos trilhos em cima da água, logo depois da estação Mestre, para que todas as minhas teorias fossem por água abaixo. A cidade é simplesmente incrível! Aliás, posso dizer que é o lugar mais incrível que visitei até agora. A visita superou todas as minhas expectativas e o lugar se tornou um dos destinos obrigatórios, para mim, para quem passa pela Itália. Espero conseguir descrever aqui um pouco do que eu senti enquanto estive lá.

  • 1º mito derrubado) Venezia não é só para casais, Venezia é para todos. Você pode ir com família, com amigos e também pode muito bem ir sozinha, como eu. Você não vai aproveitar menos ou mais por estar sozinha e ainda vai ter o roteiro todo para aproveitar como bem entender.

 

  • 2º mito derrubado) Venezia é para qualquer época do ano. Antes de chegar, ouvi muito gente dizendo que a cidade não é uma boa opção durante o outono/inverno, porque é quando a maré pode subir e causar algum desconforto para os turistas. Felizmente, isso não aconteceu no dia que eu fui e, mesmo se acontecesse, a cidade está preparada para lidar com a situação.

 

  • 3º mito derrubado) Venezia merece um lugar no seu roteiro. Não inclua a cidade em sua passagem pela Itália apenas por incluir, como eu fiz Incluí no roteiro por estar perto de Milano e Firenze, sem muitas expectativas. Vale a pena ficar mais de um dia por lá para aproveitar cada cantinho, cada ruelinha, cada nova paisagem. Eu queria ter ido mais de um dia, mesmo tendo visto as principais atrações com folga.

Assim como nos destinos anteriores, optei por ficar perto de onde as coisas acontecem. Então nada de me hospedar no continente, em Mestre, um dos maiores bairros de Venezia. Os preços são mais acessíveis. Se você for passar mais dias lá, acho que vale a pena, mas para um dia apenas, eu queria ficar perto da Piazza San Marco para fazer tudo a pé. E vale muito a pena se hospedar perto de onde tudo acontece, o gasto é um pouco maior, mas o tempo que economiza vale cada centavo. Por isso, desembarquei na estação Venezia Santa Lucia.

A pé, meu hotel ficava a mais ou menos 20 minutos dali. Cogitei a possibilidade para já entrar no clima da cidade. Só que lembrei que todas as pontes têm escadas e, como Venezia é formada por um conjunto de ilhas, não teria como chegar sem passar por várias delas. Tinha outras duas opções: transporte público ou táxi particular. O táxi, que também vai pela água, me cobrou 20 euros para me levar até a porta do hotel. O Vaporetto, que é o transporte público de lá, não é tão barato, cada ticket custa 7,50 euros, mas faz o mesmo caminho, passando pelo Grande Canal. Escolhi a segunda opção, porque o próprio Vaporetto é uma atração à parte. É tão prático quanto o táxi, mais barato e bem tranquilo para levar as malas. Lembram que a esta altura eu já estava com uma mala a mais, né? Uma mochila e duas malas.

O bilhete para o Vaporetto é válido por 1h. Se você desembarcar logo, como eu que desci na estação Rialto, ainda pode aproveitar o ticket para dar um passeio pelo Grande Canal. Eu acabei perdendo a chance, mas recomendo para quem puder. Chegar de barco no hotel é chegar em grande estilo, hein? Foi como eu senti. E isso compactuava com a vibe de glamour e um toque de decadência elegante (paredes descascadas, roupas penduradas do lado de fora, pinturas envelhecidas) que só encontrei em Venezia. Quero voltar tão logo eu consiga para me perder por suas ruelas.

Venezia foi o único lugar em que eu não consegui fazer o check-in antecipado. Deixei a bagagem no depósito do hotel e saí para explorar. Em pleno inverno, a cidade estava cheia. Era possível ouvir sotaques de todos os cantos do mundo e muita cordialidade. Ah! E tudo é tão bem sinalizado, que até eu com meu “incrível” senso de direção, consegui me encontrar. Além da beleza estampada em cada pote, casa, gôndola, ruela, em cada parte, eu me apaixonei pela arte do Murano. Aliás, eu nasci muito próxima dessa arte. O Murano é super difundido em Poços de Caldas (MG), minha cidade natal. É de Venezia a origem do Murano da família Ca’d’Oro, que faz parte da história da minha cidade.

06_Viagem de trem pela Europa, Venezia, Itália (Natália Cagnani)

Se você for para lá, reserve pelo menos mais um dia. Dá para ver o principal em um dia, até menos, mas a cidade merece mais tempo. Além de Venezia, é possível visitar as coloridas ilhas de Murano, Borano e Torcello. Outra dica é a torre de San Giorgio Maggiore, na ilha que fica bem na frente da Piazza San Marco. Dizem que tem vista de toda a cidade…

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