Já passava da meia-noite quando meu avião pousou em terras italianas. Eu mal podia acreditar que estava realizando o sonho de pisar na Itália pela primeira vez, na capital do império, Roma. E que seja a primeira de muitas que ainda virão por aí. Quando desci do avião, o sangue italiano já sentiu que estava em casa. O coração acelerou e a emoção tomou conta. Eu tinha acabado de chegar à terra do meu bisavô. Ele é de um pequeno povoado no nordeste da Itália, perto de Bologna, na comuna de Dovadola. Ainda vou conhecer!
O clima estava bem ameno, comparado com Amsterdam, Bruxelles e Paris. Saí do aeroporto Fiumicino quase com roupa de verão, com o casaco nas mãos, sem luvas e aproveitando cada segundo no caminho até o hotel. Roma tem uma variedade imensa de atrações para visitar e muita história para sentir e vivenciar. Por isso, escolhi uma região bem central e próxima de todos os pontos do meu roteiro. Minha hospedagem ficava na Piazza Colonna, entre o Pantheon e a Fontana di Trevi. Eu estava também a mais ou menos 40 minutos do Vaticano e a 20 minutos do Colosseum. Isso foi fundamental, porque eu fiz o check-in por volta da 1h da manhã e, no dia seguinte, às 8h30 já estava prestes a sair do hotel.

O primeiro dia em Roma foi reservado para uma visita ao Vaticano e começou com uma vista da cidade em pleno amanhecer a partir do terraço do hotel, depois de um café da manhã muito receptivo, em um ambiente aconchegante e com direto ao meu primeiro cappuccino italiano. Eu já estava com meus tickets na mão, com horário marcado para as 10h. É sempre bom olhar o horário e os dias de abertura de tudo que você quiser visitar. Minha intenção era começar pelo Colosseum, mas quando vi que o Vaticano não abria aos domingos, antecipei a visita na hora de reservar os ingressos. Para já ir sentindo a cidade, fui a pé até o Vaticano. Passei atrás do imenso Castelo Sant’Angelo e segui a indicação que apontava em direção aos museus do Vaticano.

Foi lá que comecei a me sentir turista de verdade. E como tinha turistas! Muitas barraquinhas vendendo souvenirs, pessoas tentando te convencer a contratar um guia a todo custo, turistas por todos os lados. Diferente de tudo que você ouvir ao chegar lá, é possível sim andar pelos museus, pelo jardim e até pela Sistine Chapel sem guias e sem se perder. Passei a manhã inteira e mais um pedaço da tarde conhecendo tudo, sem dificuldades. O circuito de museus parece um labirinto de arte, repleto de quadros impressionantes, esculturas marcantes, tetos trabalhados e uma riqueza de detalhes. Tudo inspira arte e até um pouco de ostentação exacerbada, com peças únicas como uma grande bíblia que parece ser feita de joias, globos e tapetes gigantes decorando as paredes em um dos corredores, exalando toda a riqueza do lugar. Tem uma parte muito bonita, iluminada, inteiramente dedicada a esculturas. E o imenso jardim tomado pelo verde, em contraste com arquitetura do museu em tons de rosa.
É tudo incrível e exagerado ao mesmo tempo, mas um lugar impressiona demais só de entrar. Ver a Sistine Chapel ao vivo e a cores não tem palavras que descrevam a sensação. Uma pena que fotos e vídeos lá dentro sejam estritamente proibidos. Quando visitar, observe tudo com calma, porque as lembranças vão ficar apenas no pensamento. Ainda assim, é um passeio imperdível.
Dei mais uma volta pelo complexo de museus antes de sair para conhecer a Basílica de San Pietro, que fica em uma entrada diferente. A fila para entrar no local sagrado era imensa, mas não ficava parada. Ah! Então resolvi arriscar. Por que não? E valeu a pena! Além de acompanhar de perto as estátuas, os adornos e todos os ricos detalhes da parte interna da igreja, peguei o elevador até a cúpula. Ah! A entrada na basílica é de graça, mas recomendo a compra dos bilhetes para visitar a cúpula na hora de subir. A fila é bem menor.
Tem duas formas de subir, uma pelo elevador e outra pelas escadas. São 551 degraus sem elevador e 320 degraus com elevador, a diferença de valor é de apenas 2 euros. Eu sou levemente claustrofóbica, então, por via das dúvidas, escolhi o elevador. Este caminho, porém, leva até uma parte que tem vista para dentro da basílica. Para chegar no topo da cúpula, é preciso passar por um breve lance de escadas, onde o teto vai se curvando, seguindo o formato da cúpula. Mas é breve mesmo! Quem tem um pouco de fobia só precisa se concentrar e logo já chega a melhor parte da subida: a vista para o famoso pátio da Basílica de San Pietro. A vista é linda!
Quando desci, a fila para conhecer a basílica por dentro ainda era grande. Aliás, permanece assim durante todo o dia. O tempo todo que fiquei por lá, o número de pessoas só aumentava. Após explorar o Vaticano na maior parte do dia, fiz o caminho de volta contornando o Castelo Sant’Angelo. No fundo, era possível avistar a Basílica de San Pietro começando a ficar iluminada conforme o dia começava a escurecer.

No caminho para o castelo, um grupo de meninas, com roupas que lembravam um uniforme de futebol, faziam uma coreografia ao som de uma música muito animada. Um menino com bola de futebol fazia embaixadinhas com o grupo no tom da dança. Em um banco, mais à frente, dois homens imitando homens invisíveis também chamavam a atenção. Perto dali, um moço tocando um som deixava a noite ainda mais animada nas proximidades do castelo. O visual é lindo! Com a Ponte Sant’Angelo, cruzando o Rio Tibre. Parece que durante a noite tudo ficou mais mágico. Minha vontade era ficar ali só observando e contemplando tudo, sem hora para ir embora.
Queria muito entrar no castelo, mas também queria muito tirar fotos. A entrada era 15 euros. Só que já era noite, então achei melhor deixar para uma próxima visita, porque além de toda a arquitetura do lugar, que parece transportar você para os tempos medievais, o castelo também tem vista para a cidade romana. E eu queria essa vista durante o dia, queria explorar cada cantinho com calma e tirar uma foto a cada passo. Fica aqui um ótimo motivo para voltar!
Antes do dia acabar e depois de decidir não entrar no castelo, fui até a Piazza Navona, onde fica o grandioso Pantheon. O lugar é super animado, cercado por bares e restaurantes iluminados pela decoração de Natal. E tinha muita gente por lá, gente falando várias línguas, gente com o celular na mão para se guiar nas ruelas romanas. Além das luzes natalinas, os aquecedores externos davam um charme extra ao lugar. Quero voltar lá durante o dia!