Poucas luzes iluminavam as ruas de Amsterdam na manhã do dia 13 de dezembro. A cidade estava em silêncio e muitas pessoas ainda dormiam. Uma ou outra se arriscava a caminhar no frio, enquanto outras poucas começavam gradualmente a circular de bicicleta pelas ruas antes das 7h da manhã. Carros, quase não se via por ali. Ainda antes de amanhecer, eu já estava no trem que me levaria até o meu próximo destino: Bruxelles (Bélgica).

A viagem é rápida, menos de 2h, até a estação Bruxelles Midi. Quando a noite começou a virar dia, eu estava prestes a chegar na cidade. O céu estava cinza, indicando que a chuva viria para ficar, mas quando estamos de férias o que é uma chuva, né? É só levar uma sombrinha ou vestir um casaco com capuz. Depois é só passear!
A estação de trem é conectada às linhas de metrô. Meu hotel não ficava muito longe dali, mas como eu estava com mala, mochila e ainda uma chuva para acompanhar, optei por pegar o metrô até lá. Até porque em Bruxelles meu tempo seria mais curto do que em Amsterdam. Cada minuto era precioso para cumprir o roteiro.

Tudo teria sido perfeito, se não fosse por um detalhe. Meu GPS me deixou na mão pela primeira vez. Imagine só ficar sem mapa em uma cidade desconhecida! E eu não posso contar tanto com o meu senso de direção nessas horas. Vamos ver se isso melhora nas próximas viagens. Os mapas offline ajudaram, mas mesmo assim eu acabei me perdendo nas vielas da região central. Para mim, é fácil me perder! Como sempre vale ver o lado bom das coisas, aproveitei para tirar as primeiras fotos da cidade.
Deixei minha bagagem no hotel e saí para explorar Bruxelles debaixo de chuva. Acho até que deu um charme extra pelo estilo de arquitetura local. O ponto de partida seria o famoso Manneken-Pis, que é uma das sensações da cidade. Depois de caminhar um pouco por pequenas vielas, vi um grupo de pessoas paradas em uma esquina. Quando me aproximei, percebi que era o local onde estava a estátua. Para a surpresa de todos, o famoso menininho fazendo xixi estava coberto por uma cortina. De um dos cantos, consegui ver apenas um pedacinho. Ele parecia estar com aquele colete fluorescente usado por guardas de trânsito.


Sem muito campo de visão, segui até um dos lugares mais incríveis que já visitei. Tudo começa em uma pequena passagem que leva a um exuberante complexo de prédios históricos, um ao lado do outro, formando um retângulo, como se fosse um universo à parte no centro da cidade. A arquitetura impressionante era composta por detalhes dourados imponentes, com restaurantes ao redor, e uma grande árvore de Natal ao centro. O Grand Place de Bruxelles é um lugar mágico para se apreciar ao vivo, 360º e, se tiver oportunidade, vá também durante a noite em época de Natal. Todos os prédios são iluminados por luzes coloridas que se alternam enquanto músicas animam quem passa por lá.
A chuva que não parava de cair não deixou ninguém com vontade de embora. Para qualquer lugar que você olhasse, celulares estavam ligados, gravando e acompanhando tudo. A expressão no rosto das pessoas era de felicidade com um misto de surpresa e admiração.
A alguns passos dali, há uma estátua em bronze de Everard ‘t Serclaes, um lorde de Bruxelles. Reza a lenda que ele foi um dos personagens-chave na recuperação da cidade após um ataque no ano de 1356. A lenda também diz que tocar a estátua traz sorte. Só que de tanto ganhar toques, as estátuas perdem a cor original e “desbotam”. Para preservar o monumento, preferi apenas observar e tirar fotos.
No caminho, em uma pequena lojinha, com um clima intimista e aconchegante, um personagem chamou minha atenção. Um jovem repórter belga chamado Tintin, ao lado de seu fiel cão Milou. La Boutique Tintin é uma linda lojinha localizada bem perto do Grand Place. Vale uma visita, sendo fã ou não! É muito bonitinha para fotografar e comprar lembrancinhas dos personagens. É como levar um pedacinho da Bélgica para casa.

Não muito longe de onde eu estava, outro lugar bonito de visitar é o jardim Mont des Arts. Dá para ter uma boa visão da cidade, só que a vista do jardim em si deve ser muito mais bonita durante a primavera. Jardins, né? Cada estação do ano realça uma beleza diferente da cidade. São diferentes pontos de vista. De qualquer forma, o dia acinzentado e a chuva criaram um clima bacana. E a arquitetura histórica, além da quantidade de museus interessantes para visitar, me lembrou muito de cidades como Whashington e Philadelphia.
Após subir as escadas e dar uma volta por ali, entre os trilhos de trem que dão charme extra às ruas, é possível avistar o Palais Royal de Bruxelles. O lugar é lindo e imenso! Fiquei um bom tempo admirando e tirando fotos, saí quando a chuva apertou. A próxima parada era a Catedral de St. Michael e St. Gudula, por ali também, depois a antiga Galeria Saint Hubert para comprar chocolates belga. Quando eu estava escolhendo algumas trufas para levar de presente, a moça da loja me ofereceu um doce típico belga: o Cuberdon. Tem o formato de um cone, com uma casquinha seca por fora e um caldinho por dentro. Lembra uma balinha de goma, com gosto docinho e várias cores.
Como não deu para ver o Manneken-Pis, eu esperava ao menos poder ver a Jeanneke-Pis, outro símbolo da cidade, representado por uma menininha fazendo xixi. Difícil foi encontrar! Para chegar até ela, você deve pegar uma das saídas da galeria, que te leva a uma pequena viela, com outras várias ruazinhas. Em uma delas, está a estátua, bem escondidinha. Ela fica atrás de um pequeno portão de metal. Chegar até ela parece uma caça ao tesouro, foi como me senti.
Com as principais atrações turísticas visitadas na região central, tudo a pé, era hora de pegar o metrô para chegar no Atomium. Com mais tempo em Bruxelles, é possível ir a pé. É uma boa caminhada, mas é possível. Foram mais ou menos 40 minutos. O dia já dava os primeiros sinais de que estava acabando, mas a chuva seguia firme e forte. Queria ter tido mais tempo! O lugar, por fora, é lindo. Parece um cenário futurista, mais ainda, durante a noite com toda a iluminação. Por dentro, exposições estavam acontecendo, só que a principal atração estava fechada. É uma área no alto do monumento que proporciona vista para a cidade. Essa parte vai ter que ficar para a próxima.

Perto dali, também está um parque conhecido como Mini-Europe, com miniaturas do velho continente. A visitação é ao ar livre, mas com chuva e já escuro, achei melhor deixar para um próximo roteiro, com direito à visita em museus, principalmente o de instrumentos musicais e o de quadrinhos.
Embora o tempo tenha sido relativamente curto, saí de Bruxelles feliz por ter cumprido quase 100% do meu roteiro. Quem tiver mais tempo disponível, recomendo dois dias para conhecer a região central no primeiro, como eu fiz, e lugares mais afastados como Atomium e Mini-Europe no segundo. Pelo menos em estações com dias mais curtos (outono/inverno). Se quiser visitar museus, reserve mais um dia. Tem muita coisa interessante! O mais legal de Bruxelles, assim como Amsterdam, é a possibilidade de conhecer quase tudo a pé. De todos os lugares que visitei na cidade, só precisei pegar transporte para ir até o Atomium.